Vou de bike à UFAM! E você?
- Matheus Torres
- 5 de fev. de 2017
- 7 min de leitura
Meses de chuva, meses de calor, um caos no trânsito, falta de vestiários no trabalho e na faculdade. Vários problemas e você se pergunta se é possível ter um estilo de vida que envolva a bicicleta como possibilidade de mobilidade no seu dia a dia. Pensando nisso a Atlética trouxe mais uma novidade (uma não, três!) para a comunidade acadêmica. Hoje contaremos um pouco da vivência de três estudantes que contrariam todas as dificuldades impostas pela ausência de uma estrutura de mobilidade urbana e vão de bike para a universidade, suas histórias com a bicicleta tem muitas coisas em comum e poderá ser a sua que quer começar a pedalar até faculdade.
"Eu já utilizava a bicicleta para ir ao trabalho!"
Vagner Cezar, estudante da faculdade de psicologia, conta que começou a usar a bicicleta como meio de transporte em 1999. Em 2011 e 2012 tentou algumas vezes ir à UFAM, porém a disponibilidade de tempo e a distância da faculdade dificultavam manter o estilo de vida desejado, pois a viagem era de quase 30km.
"(...) o problema seria conciliar o pedal com a estrutura da FAPSI, banheiro, local para se trocar, etc. Depois de quase um ano e meio sem pedalar, por conta da dificuldade, decidi que já era hora de ir pedalando e duas ou três vezes por semana alternava bike com meu veículo. (...) Em 2011 e 2012 arrisquei algumas vezes, mas o tempo ficava apertado por ser no ICHL, quando passamos a psicologia para o mini-campus facilitou bastante."
Josafá Cavalcante, estudante do curso de geografia, também já usava a bicicleta, mas sua motivação sempre teve uma perspectiva social:
"A decisão foi eu sair das amarras sociais impostas na cidade e parar de gastar meu dinheiro sustentando empresários de ônibus. Daí depois de um tempo levei como estio de vida, incluindo a prática do mountain bike, uma modalidade do ciclismo."
Atualmente o mountain bike é uma das modalidades do ciclismo que tem ganhado visibilidade na cidade de Manaus e até em Parintins. As etapas de campeonatos de Mountain Bike já são anuais na capital e organizadas pela Federação de Ciclismo Amazonense, já em Parintins, basta seguir a página Pedala Parintins no facebook para ver que a prática tem sido comum no interior.

Já Liviane Azevedo, também estudante da faculdade de psicologia, traz diferentes perspectivas sobre o uso da bicicleta na cidade, tais como responsabilidade social, saúde e economia nas finanças pessoais:
"As três coisas que mais me motivaram de ir para a UFAM de bike foi a questão financeira, o fato de não ter 'saco' para ir de ônibus e a gasolina tá muito cara, o carro fica na garagem. Uma ideia ecológica de que precisamos ter novas atitudes se quisermos que o nosso mundo caminhe para práticas mais sustentáveis e a questão de condicionamento físico, como emagrecer."
"Com o tempo fui incentivado por amigos próximos que conheci através do ciclismo."
Liviane e Vagner contam que é difícil encontrar incentivo para usar a bicicleta como uma opção de mobilidade. Liviane relembra que os recentes acidentes na cidade acabam aumentando a preocupação dentro de casa. Vagner comenta que "não houve alguém que incentivasse, além de mim mesmo". Porém Josafá mostra um lado interessante nessa resiliência de quem faz a escolha pela bicicleta, contando que com sua vontade própria passou a ser incentivado pelas amizades que criou com a bicicleta.
"A sensação de ir para a UFAM pela primeira vez de bike foi muito boa, foi libertadora."
Quem nunca teve vontade de abrir os braços enquanto descia a ladeira de bicicleta? A bicicleta é libertadora, como Josafá nos contou, é sair das amarras e agir na contramão das escolhas da maior parte da população. Liviane lembra que a sensação de ir para a UFAM pela primeira vez foi memorável e sua experiência é muito similar às idas e vindas do Vágner e do Josafá: Ir para a UFAM, segundo o Vágner, é uma vitória. Liviane conta porque:
"Principalmente em alguns trechos no percursos que eu faço, alguns trechos são um pouco sinistros, a gente precisa, é claro, se estiver preocupada com a segurança, é melhor ir para a calçada. Então a gente fica em uma situação que a gente tem que pedir compreensão dos motoristas pelo uso da BIKE, mas de certa forma a gente acaba invadindo os espaços dos pedestres. Então eu sempre procuro ir pela calçada quando não tem pedestre. Então quando eu vejo pedestre, eu dou prioridade para o pedestre, assim como eu gostaria que todo ônibus, caminhão ou carro me desse prioridade já que eu sou mais fraca e eles precisam atentar para aqueles 1,5m de distância."
E por falar em cuidados, lembramos 15 recomendações simples para pedalar com mais segurança nas ruas. Segurança nunca é demais, não é mesmo? Josafá fala que nessa busca por espaço no trânsito, o ciclista precisa começar a impor respeito dentro do trânsito, pois cada vez o trânsito está mais caótico e as pessoas que usam a bike sendo esquecidas.
"Na maioria das vezes eu sou respeitada."
Já ouviu falar da fina educativa (que para o Josafá não tem nada de educativa)? Às vezes elas acontecem, apesar de Liviane, Vagner e Josafá considerarem que há respeito no trânsito, desde que como cilista façamos valer esse respeito também. Por isso, listamos algumas dicas dada pelos três para evitar transtornos com as pessoas que não costumam respeitar ciclistas:
1. Ocupe toda a faixa. Josafá conta que ocupar uma faixa inteira é recomendável para evitar as chamadas 'finas', além de ser uma das principais recomendações dadas por ativistas e autoridades de trânsito, pois segundo o Código Brasileiro de Trânsito, a bicicleta é considerada um veículo e como tal deve ser respeitada.
2. Use equipamentos de segurança é o lembrete do Vágner. Equipamentos como capacetes, roupas, luzes, luvas, entre outros, dão visibilidade ao ciclista. Afinal, maior parte desses equipamentos refletem as luzes dos carros.
3. Redobre a atenção. Às vezes um susto é inevitável, então é necessário evitar distrações no trânsito. Fones de ouvido devem ser evitados para quem utiliza a bicicleta como meio de transporte.
4. Diminua a velocidade. A pressa é inimiga da perfeição? Sim, até no trânsito. Ao pedalar não é necessário ter pressa. Afinal, dependendo dos engarrafamentos, chegaremos mais rápido que todo mundo de carro sem precisar acelerar a bike, né?
5. Aprenda os movimentos de sinalização para ciclistas. Não conhece, dá uma olhada na imagem após a última dica! 6. Conheça a sinalização dos carros. Seta para a direita, seta para a esquerda, prever o movimento dos demais veículos pode ajudar.
7. Pedale sempre com base na direção defensiva. O Código de Trânsito diz que veículos maiores devem proteger os menores, certo? Mas como as cidades ainda vivem um momento de sensibilização sobre a presença de ciclistas na rua, o melhor é aprendermos a andar na bicicleta sempre evitando possíveis transtornos.

Como se preparar para ir de bicicleta à UFAM?
Tá pensando que é só pegar a bicicleta e sair por aí? Listamos os principais preparativos dos nossos colegas e da nossa colega ciclista. Mas vale lembrar que você pode criar seus próprios hábitos para sair de casa. Veja só e não esqueça:
1. Separar materiais de higiene. Além dos livros e cadernos, para quem quiser chegar na aula sem parecer que acabou de pedalar, é importante levar toalha, sabonete, xampu (se quiser tomar banho) e lenços.
2. Não esquecer de ferramentas básicas. Em lojas de ciclismo da cidade (Office Bike, A Ciclista, O Ciclista Elétrico, etc.) você pode encontrar ferramentas básicas para bicicleta. Sabe alguns itens que são indispensáveis? Chaves de regulagem, mini bombas para pneus, adesivo de reparo em caso de furos (Vagner alerta: "Imagine ficar a pé longe de casa"). Melhor perder 15 minutos fazendo um reparo básico, né? 3. Vestir uma roupa leve. Para os dias ensolarados, Josafá indica camisas de manga longa, óculos escuros e protetor solar. Durante a noite, uma roupa mais leve ajudará a evitar muita transpiração.
4. Fazer testes de percursos. Tá de bobeira no final de semana? Faça o caminho inteiro até a UFAM ou uma pequena parte. Depois escolha o percurso que lhe dê maior segurança. Isso também ajudará a decorar buracos, semáforos, abrigos contra a chuva, mercados e delegacias.
5. Levar alimento e água. Não fique de estomago vazio e se estiver pedalando para emagrecer, não pense que evitar comida e água ajudará. Alimentos leves são os mais indicados e ajudarão a repor a energia de volta para casa.
6. Assistir vídeos sobre pequenos ajustes. A internet está cheio deles, faz uma visitinha no youtube e se quiser compartilhe com outras pessoas. 7. Não se aventurar, é necessário ganhar um pouco de condicionamento. A bicicleta não é um modal cansativo, apesar de aumentar muito o condicionamento físico de usuários. Mas não saia pedalando por aí se você estiver há muito tempo sem praticar atividades físicas. Volte a caminhar, corra no seu tempo livre e aos poucos coloque a bicicleta na rua.
E o que fazer ao chegar à UFAM?
Infelizmente a maior universidade verde ainda não acolhe a bicicleta como uma universidade sustentável e ainda não tem uma política de humanização para a estrada do campus. Mas ao chegar na universidade, você pode utilizar os vestiários da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia - FEFF para tomar banho se for necessário.
Se você estuda no setor norte, também pode deixar a bike presa no setor sul e subir de integração. Nossa estrada tem aproximadamente 9km em sua volta completa, mas ainda está cheias de buracos, pontos mal iluminados e com motoristas (inclusive dos ônibus) andando acima do limite de velocidade.
Além disso, alguns seguranças do setor sul já se sensibilizaram com a presença de pessoas que chegam de bicicleta na UFAM. Na Faculdade de Ciências Agrárias - FCA, por exemplo, você pode avisá-los que a bicicleta ficará presa no prédio e alguns sempre olham como estão as bicicletas durante sua ronda. Claro que isso não é muito, mas já nos dá uma sensação de segurança e pertencimento dentro da universidade, é um começo.
É possível ir de bike pra faculdade!

Claro! Está esperando o que? Só não esqueça das excelentes dicas que cada estudante contou para a Atlética. Além disso, talvez seja hora de sensibilizar a comunidade acadêmica sobre a chegada da bicicleta à UFAM. São estudantes, professores e professoras, terceirizados e visitantes que cada dia alegram a estrada do campus com 2 rodas. A vida em cima da bike é fantástica e transforma vidas. Será esse o momento da bicicleta transformar a UFAM? Vamos de bike pra UFAM?
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